segunda-feira, 19 de abril de 2010

Um último carinho

Ela gostava dele. Não no início, não mesmo. Era rude, ignorante, má. Ele, não. Ele gostava dela. No início, sim, no início. Era amável, carinhoso, bom. Ela, como já falei, não.
Se conheceram na rua. Um dia não tão bonito, chovia, a cidade estava imunda. Na praça principal da cidade foi quando os olhares se fundiram, um encontro especial, aos olhos dele. Não passava de mais um na rua, para ela. Por isso o olhar apático lançado a ele. Contudo, ficaram juntos. E ela foi morar com ele.
Durou pouco, algo entre cinco e seis meses. Foram felizes, ninguém imaginava isso. Uma alegria espontânea brotou entre os dois. Estavam vivendo a melhor fase de suas vidas. E ambos concordavam isso. Uma difícil conquista, visto que o início foi desastroso para ele. Agora, com carinho e afeto, amavam-se. "Chocolate" era como ele a chamava carinhosamente. Coisa típica, essa de dar apelidos amorosos. Bonito. Isso era, e todos em volta reconheciam profundo amor.
O tempo passa, as coisas mudam. E com tal relacionamento não foi diferente. Ela começava a tornar-se boba, para ele. Ele continuava o mesmo cara de sempre. Ela o via assim. Amava-o. E afagava-o toda noite quando deitava. Doce esperança de que fosse recíproco o carinho, como era antes, no auge da relação. Mas, não, ele não retribuía mais. Estava frio, ele sabia que estava frio! Gostaria de amá-la como antes. Não conseguia mais. O fim era iminente, estava claro, para ele. Apenas para ele. Ela disfarçava, fingia que tudo ia bem, que tudo continuava bem.Queria que tudo estivesse bem!
(Suspiro) "Não dá mais" desabafou. Sofria por tal decisão. Lembrava-se agora dos bons momentos vividos com ela. "Ah, minha gata...!" murmurava. Mas estava inabalável no seu propósito. Sabia da futura nostalgia, sabia quão difícil seria...
A campainha toca. Ela já estava pronta para isso. Sentia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Ele abre a porta. Uma menina de uns doze ou talvez treze anos, com uma caixa nas mãos diz:"Bom dia, tio! Vim pegar a gata que o senhor falou no telefone. Tá onde, ela?" "Pode vir aqui, ela está logo ali" Respondeu, sereno. A menina apanha a gata. Ela não luta. Apenas olha para o dono, seu olhar é suplicante. Ele nota, se emociona. Faz um último carinho nela. E despede-se da menina: "Adeus, cuide bem dela...". Fecha a porta.
Olha sua sala. Contempla aquele vazio, agora sombrio.
Volta-se para o sofá. Senta. Imagina como será o próximo mês, chuvoso ou ensolarado? "Espero que seja ensolarado" diz, só.

11 comentários:

  1. hauhauhuahua, puts, quase acreditei mais um relacionamente despedaçado, mas uma gata?! hauhauhauahu

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkk, esse final surpreendente me matou de rir!
    Paraaabens, ficou muito bom =DD

    So fiquei triste com uma coisa... Não tem o xero do xéris no fim do post!
    kkkkk

    Beeeijos

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  3. poha xéris massa veio....

    heheheh.. gostei!

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  4. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    muuuuuuuuuuuuuuito bom velho! muito mesmo

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  5. Muito bom esse txt!!
    Adorei!
    coitada da gata!

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  6. Esse merece meu comentário.

    Tirando por alguns poucos erros de concordância e repetições... O texto está muito elaborado, otimo densenrolar do enredo, a surpresa final claro, incrivel. E a mensagem final, ou "mensagem moral" que o conto procura passar está incrivel. Parabéns Cleriton.

    ass. Cabrial

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  7. Clériton,

    Excelente conto. O uso das palavras causou sonoridade e melodia ao conto, sobretudo ao alternar frases curtas com longas.

    Quanto à história, o que adianta apenas um estar sintonizado com o amor...

    Abraços, e ótimo final de semana.

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  8. Porra Xeris, adorei mesmo man. você realmente soube prender até o ultimo instante o que realmente queria passar.. ficou muito bom e claro, engraçado.
    poste mais desses...

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  9. Mudou o tom nesse conto, eu gosto. Repetições podem ser ótimas ferramentas também, não há restrições contanto que você diga o tem que dizer e o queira dizer.

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  10. Obrigado, espero que tenham gostado mesmo.

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